quarta-feira, 11 de julho de 2012

A Revolução dos Bichos - George Orwell

Capa do livro
Autor: George Orwell
Resumo do livro:
A história, desde a expulsão de Jones até a "transformação completa de Napoleão em "humano" durou aproximadamente 6 anos. Na Granja do Solar, situada perto da cidade de Willingdon (Inglaterra), viviam bichos, que como dono tinham o Sr. Jones. O Velho Major (porco) teve um sonho, sobre uma revolução em que os bichos seriam auto-suficientes, sendo todos iguais. Era o princípio do Animalismo. O Major morreu, mas mesmo assim os animais colocaram em prática a idéia do líder, fazendo a Revolução dos Bichos.
Depois da Revolução, a Granja passou a se chamar Granja dos Bichos, e quem a administrava era Bola-de-Neve (porco). Bola-de-Neve seguia os princípios do Animalismo, e mesmo sendo superior (em quesitos de inteligência e cultura) em relação aos outros animais, sempre se considerou igual a todos, não tendo privilégios devido à sua condição.
Bola-de-Neve tinha um assistente, Napoleão (porco), que na ânsia pelo poder, traiu o amigo, assumindo a administração da Granja. Napoleão mostrou-se competente e justo no começo, mas depois passou a desrespeitar os SETE MANDAMENTOS, os quais firmavam as idéias animalistas. Depois de aproximadamente 5 anos, Napoleão já ocupava a casa do Sr. Jones, bebia álcool, vestia as roupas do ex-dono, andava somente sobre duas pernas e convivia com seres humanos, enfim agia em benefício próprio, instalando um regime ditatorial, dominando e hostilizando os demais animais, considerados seres inferiores e sem direitos. Por essa época, já não era possível distinguir, quando reunidos à mesa, o porco tirano e os homens com quem se confraternizava. Napoleão conseguiu sair vitorioso graças à ajuda de Garganta, porco servil e obediente e que, através de bons argumentos, convencia os animais de que tudo o que acontecia era para o bem deles.
Os SETE MANDAMENTOS do Animalismo eram os seguintes: Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo; Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo; Nenhum animal usará roupas; Nenhum animal dormirá em cama; Nenhum animal beberá álcool; Nenhum animal matará outro animal; Todos os animais são iguais. Napoleão, aos poucos, alterou todos os mandamentos. Foi Bola-de-Neve quem escreveu os SETE MANDAMENTOS.
A Revolução dos Bichos é um livro de extrema importância para entendermos o funcionamento de sociedades comandadas por diferentes tipos de governo, além de mostrar de forma genial a ambição do ser humano, o "sonho do poder".
O Senhor Jones era o dono da Granja e, como tal, explorava o trabalho animal em benefício próprio, para acumular capital. Em troca dos serviços prestados, ele pagava com a alimentação, que nem sempre era boa e suficiente. Temos aí o retrato de uma sociedade capitalista: quem mais trabalha é quem menos ganha.
A Revolução que se deu por idéia do "Major", tinha por princípio básico a igualdade; sendo assim, o Animalismo corresponde ao Socialismo, regime em que não existe propriedade privada e em que todos são iguais, e todos trabalham para o bem comum.
A princípio, houve um socialismo democrático, em que todos participavam de assembléias, dando idéias e sugestões, liderados por Bola-de-Neve, bem aceito pelos animais em geral. Napoleão representa o desejo da onipotência, do poder absoluto e, para conseguir seus objetivos, tudo passa a ser válido: mentiras, traições, mudanças de regras.
Tempos depois instaurava-se na Granja uma verdadeira Ditadura, o regime em que não há liberdade de expressão, direito a opiniões etc. Na sede pelo poder e pela riqueza, Napoleão entra em contato com os homens para com eles negociar, comprar, vender, enfim, acumular riquezas e tudo graças ao trabalho dos animais, verdadeiros empregados mal – remunerados, ajudando o "patrão" a ter regalias, bens materiais, capital.
A situação fica mais crítica do que quando Jones era o dono da Granja porque, mais do que nunca, os direitos humanos, ou seja, dos animais foram violados de forma cruel e tendo conseqüências gravíssimas como a morte de alguns, o desaparecimento de outros e muita tortura.
Com base nos fatos ocorridos podemos concluir que a história nos mostra os dois tipos de dominação existentes – a dominação pela sedução: Garganta persuadia os animais com seus argumentos convincentes e eles aceitavam pacificamente as mudanças efetuadas, e a dominação pela força bruta: quem se rebelasse contra as ordens era punido fisicamente, torturado por cães treinados e levados até à morte.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Analfabeto Político



O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Bertolt Brecht

Porque o pos modernidade é considerada neo-barroca



O termo neobarroco surgiu a partir de um artigo de Severo Sarduy, O Barroco e o Neobarroco, publicado em 1972,[3]  e pode ser entendido, segundo ele,  como um estado de espírito coletivo que marca e caracteriza esteticamente uma época. O neobarroco se apropria de fórmulas anteriores, remodelando-as, para compor o seu discurso e  dá um novo sentido a estruturas e fórmulas anteriores, remodelando-as.
Se para alguns aceitar a permanência ou traços do Barroco na pós-modernidade ainda é discutível, para outros esta questão está bem clara. Ampliando a estética barroca, o chamado Barroco histórico, do século XVII, o neobarroco consolida o caráter cíclico daquela, evidenciando o reaparecimento de seus principais elementos como o jogo do claro e escuro, da ordem e da desordem, sob o signo da tensão. O que parece apropriado numa época como a da pós-modernidade, pois sua textura discursiva possibilita ao sujeito ficcional, por exemplo, a revelação de suas angústias, anseios e incertezas, fazendo do universo da linguagem o veículo para dar espaço ao outro, ao oprimido.
Para Sarduy, "o barroco atual, o neobarroco, reflete estruturalmente a desarmonia, a ruptura da homogeneidade, do logos enquanto absoluto, a carência que constitui nosso fundamento epistêmico. Neobarroco do desequilíbrio, reflexo estrutural de um desejo que não pode alcançar seu objeto [...] Arte do destronamento e da discussão" (1979, p. 178). Assim, o neobarroco  expressa uma atitude de subversão diante do poder autoritário, é uma perspectiva pós-moderna que vai contra todo tipo de absolutismo,  enquanto o  Barroco histórico está atrelado ao autoritarismo da Contra-Reforma.
Segundo Chiampi (1998), o Barroco se opõe ao equilíbrio e se caracteriza pela reciclagem de formas, evidenciando a impossibilidade de captar a totalidade. Na literatura,  possui o gosto pelas antíteses, pelo contraditório, pelo fragmento, pelo preciosismo verbal. Acrecenta as anacronias, a experimentação, a incorporação das técnicas artísticas modernas, rompendo com a distinção entre gêneros e artes e linguagens, a predisposição para o diálogo com a história, a intertextualidade antropofágica e a problematização teórica acerca do próprio fazer poético (auto-reflexividade).
Vale mencionar o estudioso Omar Calabrese que, em sua obra A idade neobarroca, vê o neobarroco não como uma estética, mas  como um gosto do tempo, embora admita que esta tendência expresse "a perda da integralidade, da globalidade, da sistematicidade ordenada em troca da instabilidade, da polidimensionalidade, da mutabilidade" (1988, p. 10). Esta posição, desconsidera, portanto, o caráter ideológico que, para alguns críticos, o  neobarroco  assumiu na literatura latino-americana,  atrelado à questão da construção de uma identidade americana, em oposição à européia.
Visto sob esta ótica, defendida por  Irlemar Chiampi,  a estética barroca é resultado da tensão fruto desta relação de consolidação, de contra-conquista. Assume, portanto, uma questão política, justamente pela tomada de uma consciência da noção de diferença e de mestiçagem,  que propiciou um aprofundamento e renovação do discurso ficcional latino-americano, resultado de uma literatura com  marcas ideológicas voltadas para a busca de nossa alteridade.
Este discurso, segundo Chiampi, sofreu uma renovação a partir de dois critérios: o da experimentação e a representatividade. Houve, segundo ela,  uma abertura significativa para novos processos discursivos que, naturalmente, resultam em novas formas de representação da realidade latino-americana. Neste percurso dois nomes se destacam: Alejo Carpentier e José Lezama Lima. Para o primeiro, o Barroco encontra na América espaço privilegiado para se desenvolver; para o segundo, ele é fruto do próprio hibridismo americano.
Irlemar Chiampi observa ainda que os textos neobarrocos trabalham com duas categorias ameaçadas na narrativa moderna: a temporalidade, que deixa de ser linear para incorporar a ilusão de movimento, um tempo cíclico destruidor da consecução e da lógica da causa e conseqüência e a categoria do sujeito, aquele que, agora incapaz de ordenar e dar sentido, só pode produzir o caos, daí a visão pessimista da história oficial (Chiampi, 1998, p. 13).
A questão, portanto, da pertinência em se falar em neobarroco na literatura brasileira, está no fato de que aceitamos ser ele não apenas uma estética vinculada a determinado período histórico, mas sim como uma forma que renasce em várias épocas,  como processo estético  de representação. Entre nós, por mais que tenhamos uma produção, recente é verdade, voltada para a metaficção historiográfica, a fim de rever a construção de nossa identidade histórica e cultural, não nos parece haver uma preocupação ideológica, explícita, no sentido como se apresenta nos autores latino-americanos, como os citados acima. O que percebemos é um trabalho com a linguagem, e uma preocupação profunda com os processos de composição do texto, pois, antes de tudo,  a forma barroca é dinâmica, tendendo a uma indeterminação de efeito (em seu jogo  de cheios e vazios, de luz e sombra, com suas curvas, suas quebras, os ângulos nas inclinações mais diversas) e sugere uma progressiva dilatação do espaço.
Retomamos Sarduy para quem duas marcas da profundidade do texto Barroco são a artificialização e a paródia. O primeiro, pode ser entendido como a utilização de recursos técnicos para compor o texto, como a substituição e a  condensação, que exploram, sobretudo a metáfora , o jogo da ilusão, ou seja, metamorfose e transfiguração de significados.
Quanto ao recurso da paródia, Sarduy esclarece que
Espaço do dialogismo, da polifonia, da carnavalização, da paródia, e da intertextualidade, o barroco se apresentaria, pois, como uma rede de conexões, de sucessivas filigranas, cuja expressão gráfica não seria linear, bidimensional, plana, mas em volume, espacial e dinâmica. (1979, p. 170)
Para ele, uma obra será barroca se todos os recursos acima mencionados estiverem camuflados nos pontos nodais da estrutura do texto. Neste processo, Sarduy menciona a intertextualidade e a intratextualidade, como elementos que orientam uma semiologia do Barroco.  Inserida na pós-modernidade a estética neobarroca se enquadra às contradições da primeira, considerando que, quando categorias como o tempo, espaço e movimento são anuladas, dissolvidas, e a noção do eu perde-se em meio aos conflitos resultantes da modernidade,  ela parece ser a forma de expressão mais adequada para a representação de momento tão caótico